Começo de A Angústia do Guarda-Redes Antes do Penalty de Peter Handke:
«Quando o canalizador Josef Bloch, que tinha sido um conhecido guarda-redes, se apresentou ao trabalho uma manhã, soube que fora despedido».
Há os começos de livros com meia dúzia de palavras. Como neste livro de Peter Handke.
São os melhores começos?
O mês das
grandes festas populares em todas as cidades do país. O tempo de perfumes
mágicos, o perfume dos manjericos das sardinheiras em flor, de sardinhas
assadas, de bifanas de porco fritas. E toneladas de jarros de sangria.
Guardo da
infância as quentes noites de Verão, lembro a miudagem a correr nas ruas, e as
pessoas vinham para a porta da rua conversar, outras ficavam à janela, as
pessoas conheciam-se, falavam, por vezes zangavam-se, outros iam para os
jardins, ficavam pelos bancos ou bebiam cervejas e capilés nas leitarias do
bairro.
A televisão viria a destruir o feliz convívio das gentes simples do meu bairro. As pessoas fecharam-se nas casas. E passámos a não saber nada uns dos outros, como numa peça de teatro de Peter Handke.
1 comentário:
Que maravilha de escrito, excelente!
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