Batem-me à porta cada dia;
Se continuo com a poesia.
Respondo-lhe que sim.
Por isso é que comigo me concordo.
Quando durmo, ela vela à cabeceira;
Dou-lhe os bons-dias, quando acordo,
E meto-a na algibeira,
Por vezes, fala-me em segredo:
- Prepara o papel e a caneta;
Vai nascer o poema.
Com
que medo
Me confesso poeta!)
Digo, então aos escombros
Do passado a que me atrevo,
O que resta de
mim, carregado nos ombros,
E escrevo.
António Manuel Couto Viana de Ainda Não em Resumo: a poesia em 2010
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