segunda-feira, 4 de março de 2024

VIAGENS POR ABRIL


         Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.

                                                  João Bénard da Costa


Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.

 

A imagem que encima o texto, mostra as Conclusões da tese que José Medeiros Ferreira, apresentou no 3º Congresso da Oposição Democrática.

A tese foi lida no Congresso pela mulher de José Medeiros Ferreira que se encontrava exilado, desde 1968, na Suiça.

O jornalista do Público Nuno Ribeiro, em Janeiro de 2014, teve uma conversa com Medeiros Ferreira que viria a morrer em 18 de Março de 2014.

Na edição do dia seguinte à morte, Nuno Ribeiro, publica um resumo da conversa que mantivera com Medeiros Ferreira e que agora se citam algumas passagens

“O pensamento estratégico da instituição militar estava a mudar no sentido de obrigar o Governo de Marcello Caetano a defender objectivos ao alcance dos meios militares portugueses”, referiu Medeiros Ferreira: “As Forças Armadas não se iam oferecer muito mais tempo ao regime.”

Esta tese percursora, redigida no Natal de 1972, não foi acolhida pela oposição ao regime. “Quando regressou a Genebra a minha mulher contou-me que a tese não tinha sido bem recebida. Aliás, não faz parte das conclusões que, entre outros, foram feitas por Gomes Canotilho”, recordou José Medeiros Ferreira: “A minha tese afrontava as teses do PCP.

O historiador José Pacheco Pereira estava presente em Aveiro aquando da apresentação da tese. “A maioria das pessoas não prestou atenção. Mas houve protestos, recordo uma mulher jovem que afirmava ser da Amadora dizer conhecer os militares e que a tese era mentira”, lembra. “A maioria das pessoas ali presente tinha relações com o PCP e viam na tese de Medeiros Ferreira a reminiscência do putschismo do republicanismo histórico”, conta Pacheco Pereira. Em clara contradição, “com a tese do levantamento nacional armado de Álvaro Cunhal descrita no Rumo à Vitória”.

Pacheco Pereira contextualiza, por fim, o Congresso de Aveiro: “O ambiente era de um comício contra o regime, era tudo a preto e branco, contra o regime e os esquerdistas contra o PCP”. Assim, a tese de um outsider exilado, como era José Medeiros Ferreira, careceu de apoio e atenção.»

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