Este não é o dia seguinte do dia que foi ontem.
João Bénard da Costa
Será um desfilar de histórias, de opiniões, de livros, de discos, poemas, canções, fotografias, figuras e figurões, que irão aparecendo sem obedecer a qualquer especificação do dia, mês, ano em que aconteceram.
Numa pequeníssima nota, os jornais não afectos ao regime, noticiavam que ontem, na Voz do Operário,
centenas de trabalhadores do comércio, continuavam a discutir, a lutar pela
semana das 44 horas, mais conhecida por “semana inglesa”.
No topo pode ver-se um comunicado do
Sindicato Nacional dos Caixeiros e Profissões Similares do Distrito de Lisboa,
datado de 20 de Novembro de 1972 dando conta da longa luta contra a exploração
desenfreada do patronato, e pela obtenção da “Semana Inglesa”.
A Direcção do Sindicato lembrava que em 15
de Março de 1970, mais de 4.000 caixeiros, «depois de largarem os seus
empregos , se dirigiram ao largo de S. Bento, para que o Presidente do Conselho
ouvisse as suas queixas e lhes desse solução fpram recebidos por policiais
armadas até aso dentes e acompanhadas, agrediram bárbara e sadicamente essa
multidão indefesa e desprevenida, que apenas ia à procura de justiça,
provocando inúmeros feridos, alguns com gravidade.»
Só após o 25 de Abril, os trabalhadores do
comércio conseguiram a semana das 44
semanas, vulgo “Semana Inglesa”.
Uma luta mantida à custa de enormes
sacrificios. De privações de toda a ordem, de perseguições patronais. Assim
lutaram os trabalhadores. Não todos, diga-se. Houve quem, sentados no sofá, acabaram
por receber os benefícios, mas sem terem mexido uma palha que fosse.
Também quem traíu!
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