domingo, 3 de março de 2024

OLHARES


Nesses tempos da infância ir à padaria comprar pão era um pedaço de pequena festa.

O cheiro do pão nas manhãs da infância, cosido, durante a noite, em grandes fornos a lenha.

Em casa dos pais, comia-se pão escuro. O pão era pesado e, para completar o peso, havia a necessidade de juntar um pequeno pedaço. Esse pedaço de pão era comido a caminho de casa, e ainda hoje sente esse gosto, o gosto de um antigamente com um qualquer floco de melancolia.

Poderá dizer que ir comprar pão é um dos grandes prazeres do seu quotidiano?

Quase diariamente, vai comprar, a uma lojeca de comida «take a way», pão dito alentejano.

Mania que o pão há-de ser alentejano, as alheiras de Mirandela, a carne de Lafões, mas resume-se tudo a meros travestis completada com a nossa velha mania de gostarmos de ser enganados.

Acontece que, ontem, na pequenas caminhada para a compra do pão, encontrou, numa das pontes do viaduto das Olaias, a frase gritante que a imagem acima mostra:

 

QUEM PRODUZ TODA A RIQUEZA ÉS TU!


No desenrolar da caminhada deu para lebrar um poema do Eduardo Valente Valente a que chamou Do admirável:


Um operário é admirável,

Não por ser um operário, mas por ser admirável.

E assim sucessivamente…

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