O Barão Trepador
Italo Calvino
Tradução: José Manuel Calafate
Capa: João da Câmara Leme
Colecção O Livro de Bolso nº
48/49
Portugália Editora, Lisboa s/d
Foi a 15 de Junho do ano de 1767 que Cosimo Piovasco de Rondó, meu irmão, se
sentou pela última vez entre nós. Estávamos na sala de jantar da nossa villa de
Ombrosa e a janela emoldurava a frondosa ramaria do enorme álamo do parque. Era
meio-dia e, seguindo uma velha tradição, a nossa família sentava-se à mesa
sempre àquela hora, não obstante se tivesse espalhado já entre a nobreza a
moda, originária da pouco madrugadora corte de França, de almoçar a meio da
tarde. Lembro-me de que soprava uma leve brisa vinda do mar e as folhas buliam.
Cosimo teimou: - Já disse que não quero e não quero! - afastando, com um gesto,
o prato de caracóis. Não havia memória de mais grave desobediência.
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