Recuso-me a ficar amolecido
Tragicamente cilindrado
E muito antes de lutar – vencido
E muito antes de morrer – violado.
Recuso-me ao silêncio e à mordaça
Serei independente, livre e exacto
A verdade é uma força que ultrapassa
A própria dimensão em que combato.
Recuso-me a servir a violência
Embora a minha voz de nada valha
Mas que me fique ao menos a consciência
De que tentei romper esta muralha.
Recuso-me a ter medo e a estiolar
Na concha dos poetas sem mensagem
Que me levem o corpo e a coragem
Mas que fique esta voz para cantar.
João Apolinário
Legenda: fotografia de Maria Calisto
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