Cuidado, pise-se com cautela, porque
estamos no cerne das demagogias. Um passo em falso e é-se trucidado. Nesta
caverna, há um povo dormente que pode ser açulado por quem conheça a fórmula
facílima. Fale-se baixinho e à puridade. Nunca se acorda um povo que dorme.
O povo é sábio? Não - cicie-se -, nunca
em parte nenhuma e em nenhum tempo, um povo foi sábio. Há por aí bibliotecas e
registos de quatro mil anos de História. Queiram ter a bondade de descobrir um
momento qualquer, mesmo fugaz, em que, nesta trapalhada sanguinária e milenar,
um povo tenha sido sábio.
Mário de Carvalho em O Que Eu Ouvi Na Barrica Das Maçãs
1 comentário:
Nunca devemos esquecer as razões porque, segundo a Bíblia, Pilatos lavou as mãos: ele pediu que o povo escolhesse quem seria crucificado.
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