Do que nesse
trabalho se lê, ressalta sempre a solidão daqueles homens e a dura luta para a
ultrapassar.
O grasnar sempre
presente das gaivotas, entre outos sons ligados ao mar, permitia aos presos
imaginar a paisagem que os rodeava.
António Borges
Coelho, que também esteve preso em Peniche, tem um poema, Sou Barco em que diz: ouço o fragor da vaga sempre a bater ao
fundo, escrevo, leio, penso, passeio neste mundo de seis passos e o mar
a bater ao fundo, poema para o qual Luís Cilia fez música, depois cantado
pelo próprio Cilia e por Adriano Correia de Oliveira.
Adelino Pereira
da Silva, o protagonista do episódio de hoje, foi condenado a 3 anos de prisão
maior e medidas de segurança. Na cadeia de Peniche é colocado, isolado, na cela
4 do pavilhão B. É despojado de tudo, apenas tem a roupa que trazia vestida,
mais os sapatos. Não tinha nada para escrever, nada para ler. Para se distrair,
construiu dois jogos de xadrez com miolos de pão e jogava sozinho, horas a fio.
Jogos intermináveis.
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