No poema que hoje se publica, José Carlos Vasconcelos lembra os juízes dos tribunais plenários,
e pergunta: que direis no dia do vosso julgamento?
Nada disseram
porque deles não se fez qualquer julgamento.
Deles, dos
pides, de todas as ratazanas que, durante, perto de meio século, nos infernizaram
a vida.
Provavelmente,
muitos deles continuaram, não naquelas funções, mas noutras, as suas vidinhas
na justiça. Hoje, por ventura, ainda gozam chorudas reformas, bons carros,
casas na praia, nada lhes perturba o sono pela simples razão de não serem gente…
apenas isso…
Como puderam
estes abutres julgar homens?
Homens que
apenas lutavam por um país limpo.
Que foi feito
dos abutres?
Sim, somos homens
de justiça e não de vingança, mas foi um crime deixá-los impunes!
As sombras que
envolvem, hoje, a nossa justiça, tiveram gente desta como eventuais mentores,
disciplinadores.
A perpetuação
da ditadura verificou-se, durante tanto tempo, porque muitas foram as instituições
que a protegeram: forças armadas, pide, censura, tribunais plenários.
E o medo, sim o
medo.
Era terrível a
nossa vida, mas grande parte da população, com a sua inércia, com o seu medo,
permitiu que aqueles monstros sobrevivessem, se multiplicassem.
O Helder Pinho,
chateado por terem sido os miliares a fazerem aquele 25 de Abril, tinha razões,
muito suas, por dentro – as forças armadas cansaram-se da guerra.
No dia em que esse cansaço ganhou espaço, meio caminho ficou feito.
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