terça-feira, 6 de abril de 2021

OLHAR AS CAPAS


Cacilheiros

Luís Miguel Correia

Aguarelas: Rodrigo Bettencourt da Câmara

EIN – Edições e Iniciativas Náuticas, Massamá, Junho de 1996

Os transportes fluviais do rio tejo acompanharam a evolução económica gradual que com os anos modificou o País. Durante muitas décadas os Vapores Lisbonenses coexistiram com concorrentes mais tradicionais. Do Cais do Sodré para Cacilhas, a alternativa aos vapores de rodas era o bote cacilheiro e de Belém para o Porto Brandão também se navegava à vela, de bote catraio.

A carreira do Porto Brandão foi durante muitos anos efectuada pela Sociedade Cooperativa dos Catraeiros do Porto de Lisboa com pequenas lanchas motoras, como a Maria Edekltrudes, de 27 toneladas, construída em madeira no Porto Brandão em 1923, ou a Odile, de 31 toneladas, construída também em madeira, no Talaminho, no ano de 1942. A Cooperativa dos Catraeiros foi fundada no Porto Brandão a 1 de Maio de 1923 e além dos referidos serviços de passageiros, as suas lanchas efectuavam rendições de tripulantes e abastecimento de navios fundeados no Tejo e reboques. O ambiente criado pelo estado Novo nos anos trinta inspirou algumas mudanças de estilo nos Catraeiros do Porto Brandão, que resolveram mudar à posteriore a data da fundação da sua cooperativa de 1 de Maio para 1 de Abril, evitando assim quaisquer conotações eventualmente subversivas. Em 1951 o barco de passageiros que construíram para a carreira recebeu o nome de 1 de Abril.

Sem comentários: