Cacilheiros
Luís Miguel Correia
Aguarelas: Rodrigo Bettencourt
da Câmara
EIN – Edições e Iniciativas
Náuticas, Massamá, Junho de 1996
Os transportes fluviais do rio tejo acompanharam a evolução económica
gradual que com os anos modificou o País. Durante muitas décadas os Vapores
Lisbonenses coexistiram com concorrentes mais tradicionais. Do Cais do Sodré para
Cacilhas, a alternativa aos vapores de rodas era o bote cacilheiro e de Belém
para o Porto Brandão também se navegava à vela, de bote catraio.
A carreira do Porto Brandão foi durante muitos anos efectuada pela
Sociedade Cooperativa dos Catraeiros do Porto de Lisboa com pequenas lanchas
motoras, como a Maria Edekltrudes,
de 27 toneladas, construída em madeira no Porto Brandão em 1923, ou a Odile,
de 31 toneladas, construída também em madeira, no Talaminho, no ano de 1942. A
Cooperativa dos Catraeiros foi fundada no Porto Brandão a 1 de Maio de 1923 e
além dos referidos serviços de passageiros, as suas lanchas efectuavam
rendições de tripulantes e abastecimento de navios fundeados no Tejo e
reboques. O ambiente criado pelo estado Novo nos anos trinta inspirou algumas
mudanças de estilo nos Catraeiros do Porto Brandão, que resolveram mudar à
posteriore a data da fundação da sua cooperativa de 1 de Maio para 1 de Abril,
evitando assim quaisquer conotações eventualmente subversivas. Em 1951 o barco
de passageiros que construíram para a carreira recebeu o nome de 1 de Abril.
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