4 de Fevereiro de 1969
Na secretária, um ramo de mimosas. Trouxe-as de Fontanelas e ao seu
aroma de quando? Estradas da serra, do Alentejo. Abrem a memória mas não a
referenciam. Memória do tempo, de caminhos largados à infinitude. Memória de
ter sido. Como nunca, aliás, mas só raramente, o «jamais». Para o passado e futuro.
Suspendo-me, olhando. Separado. Um certo cansaço de ler ainda. Excepto o já
lido. Como é estranho, por exemplo, haver ainda pintores e críticos deles. A
arte é de outrora, do meu
tempo. Como se fala ainda de arte? A aventura acabou.
Vergílio Ferreira em Conta-Corrente Vol. I
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