segunda-feira, 12 de abril de 2021

OLHAR AS CAPAS


O Agente Secreto

Graham Greene

Tradução: Carlos Malta

Capa: Júlio Pedro

Editorial Notícias, Lisboa s/d

O sr. K. tinha perdido toda a combatividade. Saiu do táxi sem boquejar e desceu as escadas da cave. Na saleta, D. acendeu a luz e pôs a funcionar o aquecimento a gás. Debruçado sobre o radiador, com um fósforo na mão, perguntou-se se iria de facto cometer um assassínio. Fosse quem fosse a tal Glover, não tinha sorte – a casa de uma pessoa tem uma espécie de inocência. Quando, numa explosão, rui a fachada de uma casa e deixa ver a cama de ferro, as cadeiras, os maus quadros no seu ambiente, o penico, temos a impressão de uma violação: entrar clandestinamente numa casa desconhecida é como um acto brutal de posse sexual. Mas que fazer? Temos de empregar os métodos do inimigo. Lançam-se as mesmas bombas e bombardeiam-se as mesmas existências. Voltou-se para K. com súbito furor:

- A culpa do que lhe acontece é sua. 

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