Sem flores ou aves ou sequer um reverdecido
galho entre as sangrentas e
decepadas mãos
sepultas em cada fenda das muralhas:
entre o asco, os excrementos e a vulcânica
solidão dum deus caído, aqui, onde cada
fruto é uma rubra lâmina de silêncio:
onde uma árvore, ou o amor, amaldiçoados
são, e nada sobrevive além destes ásperos
insectos devoradores, fome, ácida morte:
aqui, no fundo do nosso despedaçado
coração, aqui, ardente rosa noturna
é que a verde Primavera floresce.
Papiniano Carlos em Cadernos do Meio Dia nº 2, Julho de 1958
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