Data de Dezembro, tempo de Natal, a minha última
visita a uma livraria.
No mais breve espaço de tempo
terei que por lá entrar.
Acumulam-se alguns livros que
quero, preciso, de comprar. Tenho vivido de releituras, de que gosto muito, exercicicio
bem interessante, mas ler não é apenas comprar livros, é olhá-los, folheá-los.
Nunca li nenhum livro de Ana
Cristina Silva, e a autora já publicou quase uma dúzia de livros. Terei que
rectificar rapidamente esta lamentável lacuna.
Agora que mais uma passagem de
tempo de Abril se aproxima, terei que comprar urgentemente As Noites Longas
de Caxias.
O crítico Eduardo Pitta, na sua
apreciação, dá-lhe quatro estrelas e o quanto eu detesto que os críticos
coloquem estrelas e estrelinhas na apreciação dos livros, e escreve:
«Decorridos quase 50 anos da queda da ditadura, começa a fazer-se a
história da polícia política. Sirva de exemplo este livro. Se outro mérito não
tivesse, faz luz sobre uma realidade pouco conhecida: o das mulheres torturadoras.
O quotidiano de Caxias confronta Laura com Maria Helena, uma agente da PIDE que
chegou a chefe de brigada. O mais interessante não radica no sadismo, traço de
carácter sem género. O que dá singularidade à narrativa é o modo como Maria
Helena “sobrevive” ao 25 de Abril: prisão, fuga para Madrid (onde Barbieri
Cardoso lhe arranja emprego), regresso a Portugal, nova prisão, julgamento,
pena simbólica — a democracia nunca julgou os seus verdugos — e, por fim, um
cancro que não a impede de dizer: «Não,
nunca me arrependi de nada. Os tempos da PIDE foram os mais felizes da minha
vida.»
Porque há a urgência de, alto e
bom som, dizer:
Portugal ainda não agradeceu o
suficiente aos que tanto contribuíram para a resistência ao fascismo e para a
democracia.
Sem comentários:
Enviar um comentário