quinta-feira, 15 de abril de 2021

RECTIFICAR LACUNAS


Data de Dezembro, tempo de Natal, a minha última visita a uma livraria.

No mais breve espaço de tempo terei que por lá entrar.

Acumulam-se alguns livros que quero, preciso, de comprar. Tenho vivido de releituras, de que gosto muito, exercicicio bem interessante, mas ler não é apenas comprar livros, é olhá-los, folheá-los.

Nunca li nenhum livro de Ana Cristina Silva, e a autora já publicou quase uma dúzia de livros. Terei que rectificar rapidamente esta lamentável lacuna.    

Agora que mais uma passagem de tempo de Abril se aproxima, terei que comprar urgentemente As Noites Longas de Caxias.

O crítico Eduardo Pitta, na sua apreciação, dá-lhe quatro estrelas e o quanto eu detesto que os críticos coloquem estrelas e estrelinhas na apreciação dos livros, e escreve:

«Decorridos quase 50 anos da queda da ditadura, começa a fazer-se a história da polícia política. Sirva de exemplo este livro. Se outro mérito não tivesse, faz luz sobre uma realidade pouco conhecida: o das mulheres torturadoras. O quotidiano de Caxias confronta Laura com Maria Helena, uma agente da PIDE que chegou a chefe de brigada. O mais interessante não radica no sadismo, traço de carácter sem género. O que dá singularidade à narrativa é o modo como Maria Helena “sobrevive” ao 25 de Abril: prisão, fuga para Madrid (onde Barbieri Cardoso lhe arranja emprego), regresso a Portugal, nova prisão, julgamento, pena simbólica — a democracia nunca julgou os seus verdugos — e, por fim, um cancro que não a impede de dizer: «Não, nunca me arrependi de nada. Os tempos da PIDE foram os mais felizes da minha vida.»

Porque há a urgência de, alto e bom som, dizer:

Portugal ainda não agradeceu o suficiente aos que tanto contribuíram para a resistência ao fascismo e para a democracia.

Sem comentários: