domingo, 11 de abril de 2021

ESCREVER E NÃO ESCREVER


A história da minha vida é de conflito entre uma irresistível necessidade de escrever e um conjunto de circunstâncias apostadas em não deixar que o fizesse.
Com doze anos eu vivia em St. Paul e passei aulas a rabiscar nas capas dos livros de geografia e do latim do primeiro ano, à margem das redacções, das declinações e dos problemas de matemática. Dois anos mais tarde o conselho de família decidiu que um internamento me obrigaria a trabalhar. Era um erro. A minha atenção desviou-se da escrita. Decidi jogar futebol, fumar, entrar para a universidade e toda a espécie de coisas alheias ao real objectivo da minha vida que é, de facto, misturar dentro de um conto, e em proporções ideais, diálogo e prosa descritiva.
A escola abriu-me, porém, outro caminho. Depois de ver a comédia musical “The Quaker Girl” a minha secretária ruiu com libretos de Gilbert & Sullivan e dúzias de cadernos de gérmenes de comédias musicais.

F. Scott Fitzgerald em A Fenda Aberta

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