Ó Alentejo dos pobres,
reino da desolação,
não sirvas quem te despreza,
é tua a tua nação.
Não vás a terras alheias
lançar sementes de morte.
É na terra do teu pão
que se joga a tua sorte.
Terra sangrenta de Serpa,
terra morena de Moura,
vilas de angústia em botão,
doce raiva em Baleizão.
Ó margem esquerda do Verão
mais quente de Portugal,
margem esquerda deste amor
feito de fome e de sal.
A foice dos teus ceifeiros
trago no peito gravada,
ó minha terra morena
como bandeira sonhada.
Terra sangrenta de Serpa,
terra morena de Moura,
vilas de angústia em botão,
doce raiva em Baleizão.
Urbano Tavares Rodrigues
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