sábado, 5 de novembro de 2022

CONVERSANDO


 Que podemos nós distinguir nos diversos quotidianos que vão acontecendo?

O sem-abrigo que mata um homem atirando-o para o mar da Boca do Inferno.

Manuel da Fonseca sabendo que os domingos estavam a caminho, sonhava com as coisas mais belas que um homem pode fazer na vida.

«… no entanto, conheço um homem

que  ia para a beira do rio

e passava um dia inteirinho de domingo,

segurando uma cama donde caía um fio para a água…

… um dia pescou um peixe,

 nunca mais lá voltou…»

Pois, o pior é pensar, concluía o Manuel.

José Saramago que um dia, olhando o rio Almonda, já o sol se punha, sentiu o que nunca mais conseguiu esquecer:

«lancei o anzol e esperei.

Não creio que exista no mundo

um silêncio mais profundo que o silêncio da água.»

Que podemos nós distinguir?…, sim, o quê?... e como?...


Legenda: pintura de Nikolay Bogdanov Belsky

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