Já o deveria ter escrito, mas diz-se agora.
A quem
isso interessar, fica o registo de que todas as transcrições das obras de José
Saramago que, neste Cais são feitas, tanto nos Sublinhados Saramaguianos, nos
Postais Sem Selo, nos Poemas, dizem respeito às primeiras edições dos seus
livros.
Não
que seja um obcecado por primeiras edições – o que gosto é de livros - mas, simplesmente, acontecia logo que os
livros de Saramago apareciam nos escapartes das livrarias, os comprava. E esse
hábito começou logo naquela tarde de chuva de 1966, na Livraria Portugal, sem
conhecer o autor de parte alguma que fosse, comprei os Poemas Possíveis, tinha
então 21 anos.
Este
chamar de atenção tem mais a ver com os Poemas de Saramago, pois o autor, em
edições posteriores, procedeu a ligeiras alterações.
Colocado
o aviso à navegação, o sublinhado de hoje recai sobre esse extraordinário livro «Viagem a Portugal»:
«A
viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem
prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou
na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O Viajante volta já.»
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