sexta-feira, 11 de novembro de 2022

PEQUENO COSMOS

Ah, rosas, não, nem frutos, nem conforto!

Já basta de veludos nestes versos,

De velhas consonâncias e bordões!

Astronauta do espaço que rodeio

(Noutra hora diria que infinito…)

Uma fome de rosas e de frutos

A frouxidão da pele ao osso chega.

Assim recalcinado, mais me torno

Matéria combustível nos poentes

Das estrelas convulsas que contenho.

Talvez, enfim, o aço apure e faça

Do espelho em que me veja e me defina.

José Saramago em Os Poemas Possíveis

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