«Queriam saber tudo quanto me aconteceu e fiz, desde que nasci como
escritor e como pessoa. Era como se procurassem a receita mágica, ou não tanto,
que faz passar alguém do anonimato nas letras ( sempre relativo) às letras da
fama ( relativa sempre). Falo-lhe de trabalho e de disciplina, digo-lhes que
não ter pressa não é incompatívl com não perder tempo,que o pecado mortal
do escritor é a obsessão da carreira, ilustro tudo isto com a minha própria
vida, valha ela o que valer, e não me esqueço de acrescentar que para tudo se
necessita sorte: a sorte grande de que os leitores nos descubram a tempo, ou,
menor sorte essa, que nos descubram ainda que já seja demasiado tarde para que
o saibamos nós.»
José Saramago em Cadernos de Lanzarote, Volume III
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