Na mão serena que num gesto de onda
Em estátua musical o ar modela.
Na mão crispada que num frio de gelo
Na parede dos dias fundos gritos traça
Na mão de febre que num suor de chama
Em cinzas vai mudando quanto toca.
Na mão de seda que num afago de asa
Faz que os sonhos nasçam como fontes de água.
Na tua mão de paz na tua mão de guerra,
Abre a flor do amor e faz o ninho a mágoa.
José Saramago em Os Poemas Possíveis
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