Já deixei por aí escrito que um dos
livros que mais encantaram os meus dias de leitor, foi Cem
Anos de Solidão. De Gabriel Garcia Marquez. Da primeira à última palavra e
tem um começo extraordinário:
«Muitos anos depois, diante do pelotão
de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde
remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.»
No
segundo volume de O Caderno, José Saramago fala desse livro, ao texto chamou
simplesmente «Gabo»:
«Os escritores dividem-se (imaginando que aceitem ser assim divididos…) em dois grupos: o mais reduzido, daqueles que foram capazes de rasgar à literatura novos caminhos, o mais numeroso, o dos que vão atrás e se servem desses caminhos para a sua própria viagem. É assim desde o princípio do planeta e a (legítima?) vaidade dos autores nada pode contra as claridades da evidência. Gabriel García Márquez usou o seu engenho para abrir e consolidar a estrada do depois mal chamado “realismo mágico” por onde logo avançaram multidões de seguidores e, como sempre acontece, os detractores de turno. O primeiro livro seu que me veio às mãos foi Cem Anos de Solidão e o choque que me causou foi tal que tive de parar de ler ao fim de cinquenta páginas. Necesitava pôr alguma ordem na cabeça, alguma disciplina no coração, e, sobretudo, aprender a manejar a bússola com que tinha a esperança de orientar-me nas veredas do mundo novo que se apresentava aos meus olhos. Na minha vida de leitor foram pouquíssimas as ocasiões em que uma experiência como esta se produziu. Se a palavra traumatismo pudesse ter um significado positivo, de bom grado a aplicaria ao caso. Mas, já que foi escrita, aí a deixo ficar. Espero que se entenda.»
1 comentário:
"CEM ANOS DE SOLIDÃO" é realmente um daqueles livros absolutamente marcantes. Apenas um dos seus livros (Viver para contar) não correspondeu às minhas expectativas, talvez porque as mesmas eram altas.
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