quarta-feira, 2 de novembro de 2022

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS


Já deixei por aí escrito que um dos livros que mais encantaram os meus dias de leitor, foi  Cem Anos de Solidão. De Gabriel Garcia Marquez. Da primeira à última palavra e tem um começo extraordinário:

«Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.»

 

No segundo volume de O Caderno, José Saramago fala desse livro, ao texto chamou simplesmente «Gabo»:

 

«Os escritores dividem-se (imaginando que aceitem ser assim divididos…) em dois grupos: o mais reduzido, daqueles que foram capazes de rasgar à literatura novos caminhos, o mais numeroso, o dos que vão atrás e se servem desses caminhos para a sua própria viagem. É assim desde o princípio do planeta e a (legítima?) vaidade dos autores nada pode contra as claridades da evidência. Gabriel García Márquez usou o seu engenho para abrir e consolidar a estrada do depois mal chamado “realismo mágico” por onde logo avançaram multidões de seguidores e, como sempre acontece, os detractores de turno. O primeiro livro seu que me veio às mãos foi Cem Anos de Solidão e o choque que me causou foi tal que tive de parar de ler ao fim de cinquenta páginas. Necesitava pôr alguma ordem na cabeça, alguma disciplina no coração, e, sobretudo, aprender a manejar a bússola com que tinha a esperança de orientar-me nas veredas do mundo novo que se apresentava aos meus olhos. Na minha vida de leitor foram pouquíssimas as ocasiões em que uma experiência como esta se produziu. Se a palavra traumatismo pudesse ter um significado positivo, de bom grado a aplicaria ao caso. Mas, já que foi escrita, aí a deixo ficar. Espero que se entenda.»

1 comentário:

Seve disse...

"CEM ANOS DE SOLIDÃO" é realmente um daqueles livros absolutamente marcantes. Apenas um dos seus livros (Viver para contar) não correspondeu às minhas expectativas, talvez porque as mesmas eram altas.