Transforma-se o ouvinte na música amada,
nas suas doces entoações, no campo de vogais
que pisa quando avança por entre os ramos
de consoantes que o vento toca como teclas.
E sente o som do nome converter-se em matéria,
só de o dizer para si próprio, vendo surgirem
as formas do corpo, as cores do rosto, o subtil
acordo das mãos num sonhado acorde de dedos.
Assim, do que é um fragmento de ouvido,
um vestígio de memória no ritmo do coração,
uma presença diluida no pensamento
que a derramou em puro amor, nasce
a música que a tua voz me trouxe quando,
verso após verso, imagem e desejo se juntaram.
Nuno Júdice
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