São importantes as existentes Casas de Escritores, e de outros intelectuais, que vamos tendo espalhadas pelo país.
Deveria ser um trabalho dos governos, das autarquias,
de mecenas, fomentar a criação dessas casas, conservá-las, enriquecê-las.
Nem sempre acontece e algumas encontram-se quase ao
abandono.
Uma breve viagem pela região de Aveiro deu para
deslocar as pernas para Ovar e visitar a Casa de Júlio Dinis.
Joaquim Guilherme Gomes Coelho, conhecido pelo pseudónimo
literário de Júlio Dinis, nasceu no Porto, a 14 de Novembro de 1839.
Tendo-lhe sido diagnosticado tuberculose, foi
aconselhado que fosse tomar ares e descanso, na Casa dos Campos, em Ovar,
propriedade de uma sua tia paterna.
Júlio Dinis, com 31 anos, morreu em 12 de Setembro de
1871, na cidade do Porto.
Lápide, na parede exterior
da casa assinalando, a passagem do escritor por Ovar.
No exterior, frente à casa, o busto de Júlio Dinis.
Característica cozinha de aldeia. A lareira com destaque para o forno onde se cozia o pão para os dias da semana.
Ainda na cozinha, um móvel com a mesa posta, um jarro. Na parede pratos de barro da região.
O pequeno quarto da
casa.
Falando do quarto, o folheto distribuído aos visistantes, cita uma passagem de «As Pupilas do Senhor Reitor»:
«Deitou-se de costas e pôs-se então a contar as tábuas do tecto. Contou dezassete. Dezassete, noves fora, oito disse insensivelmente Daniel!»
Sala e a mesa onde Júlio Dinis escreveu, para além de outras páginas, «As Pupilas do Senhor Reitor».
A mesa onde escreveu.
António José Saraiva em História da Literatura Portuguesa:
«Há muitas afinidades entre a ideologia de Júlio Dinis e a de Herculano, mentor nesta época da pequena burguesia portuguesa.
Júlio Dinis é um romancista excepcionalmente dotado. Conjuga com extrema felicidade a descrição dos ambientes, os retratos das personagens, os conflitos dramáticos numa construção equilibrada. Acrescenta a isto um excepcional peneração psicológica, que por vezes o leva a notações originais, estudando quando a ocasião se lhe oferece o mecanismo da associação das ideais com grande minúcia. O estilo, ao contrário do que sucede com Camilo, não se interpõe entre o leitor e os objectos descritos que apenas reveste uma levíssima gaze de humorismo discreto.»
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