quarta-feira, 3 de julho de 2024

SONETO DE CAMÕES

                         Car j’imite...Toit le monde imite,
                          Tout le monde ne dit pas.


                                                            Aragon

Que me quereis, perpétuas saudades?
 Com que esperança inda me enganais?
 Que o tempo que se vai não torna mais,
 E se torna, não tornam as idades.

 Razão é já, ó anos, que vos vades,
 Porque estes tão ligeiros que passais,
 Nem todos pera um gosto são iguais,
 Nem sempre são conformes as vontades.

 Aquilo a que já quis é tão mudado,
 Que quase é outra cousa, porque os dias
 Têm o primeiro gosto já danado.

 Esperanças de novas alegrias
 Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
 Que do contentamento são espias.

Carlos de Oliveira de Terra da Harmonia em Poesias

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