Marvão: Palavras e Olhares
Domingos Bucho e
Raul Ladeira
Câmara Municipal
de Marvão, Marvão.
É sede do município de Marvão com
154,9 km² de área e 3 021 habitantes subdividido em 4 freguesias:
Beirã, que teve uma estação de comboios que servia a sede do concelho, Santa
Maria de Marvão, Santo António das Areias, São Salvador da Aramenha.
O município é limitado a norte e leste
pela Espanha, a sul e oeste pelo município de Portalegre e a
noroeste por Castelo de Vide.
Tomada e fortificada pelos árabes, seria
posteriormente conquistada por D. Afonso Henriques e coube a D. Dinis mandar
reforçar as muralhas. Dominando o acesso à fronteira e permitindo detectar
movimentações inimigas, teve uma importância estratégica na defesa do reino.
O título de Mui Nobre e Sempre Leal foi
concedido à Vila de Marvão pela rainha D. Maria II.»
Este livro, que
faz parte da Biblioteca da Casa, foi parte do trabalho encetado em 2008 para candidatar,
ano de 2002, a vila a Património Mundial da UNESCO.
Marvão é um dos
muitos lugares de encanto deste país.
Ouvir os sinos
durante a noite nas igrejas de Marvão.
O silêncio.
Marvão, de onde
se veem os pássaros pelas costas.
Os romanos
diziam que em Marvão se estava acima do voo dos milhafres.
O pintor que foi
a Marvão para pintar.
Tudo é tão belo
que compra casa com vista, arruma os pincéis e não mais lhes toca.
Começo a gostar
de terra quando interiorizo que aí seria bonito passar o Natal.
Assim classifico
as terras por onde passo.
O escurecer
cedo, a lareira acesa, o bacalhau da tradição, um tinto do Douro, músicas de
natal, um charuto, a chover, ou a nevar, lá fora, o vento assobiando.
Perder a noção
do tempo.
José Saramago na sua Viagem a Portugal:
«Marvão vê-se de Cabeço de Vide, mas de Marvão vê-se
tudo. O viajante exagera, mas essa é justamente a impressão que sente quando
ainda lá não chegou, quando vai na planície e lhe surge, de repente, agora mais
perto, o morro altíssimo que parece erguer-se na vertical.
É verdade. De Marvão vê-se a terra quase toda: para os lados de Espanha avista-se Valência de Alcantara, S. Vicente e Albuquerque, além de uma chusma de pequenas povoações; para sul, pelo desfiladeiro que separa a serra de S. Mamede e a outra, apenas seu contraforte, serra da Ladeira da gata, podem-se identificar Cabeço de Vide, Sousel, Estremoz, Alter Pedroso, Crato, Benavila, Avis; onde o viajante ainda há pouco estava, Nisa, Póvoas e Meadas, Gáfete e Arez, enfim a norte, estando límpida a atmosfera, a última sombra de azul é a serra da Estrela: não espanta que distintamente se vejam Castelo Branco, Alpedrinha, Monsanto. Compreende-se que neste lugar, do alto da torre de menagem do Castelo de Marvão, o viajante murmure respeitosamente: «Que grande é o mundo.»
Durante alguns
anos, fomos a Marvão pela Festa da Castanha.
Em alojamento
rural, ficávamos de sexta-feira a domingo.
O almoço sempre
foi em Castelo de Vide, no «Chalana»: «molhinhos» borrego em tomatada e
costeletas de cabrito panadas.
Antes, no
caminho, tínhamos comprado pão alentejano, queijos em Nisa e na Chança bifinhos
do lombo de porco, devidamente temperados com alho e pimentão, que em Marvão,
depois do fecho do assar das castanhas, ficavam os bidons com restos de carvão e
aí grelhávamos os bifinhos: manjares do mundo.
Depois, num só de
repente, a festa começou a ser invadida por turistas, a perder aquela graça que
encontráramos pela vez primeira.
Sem comentários:
Enviar um comentário