segunda-feira, 1 de julho de 2024

POSTAIS SEM SELO


«O barco vai de saída, adeus ó cais de Alfama, meu amor adeus, tem cuidado se a dor é um espinho, por mais que seja santa, a guerra é a guerra, o escuro é muito grande, o tempo é mais frio, o mar é muito grosso, como se a terra corresse inteirinha atrás de mim, olhamos tudo em silêncio na linha da praia, vai de roda quem quiser e diga o que tem a dizer, e na verdade o que vos dói, é que não queremos ser heróis, a terra a navegar meu bem como eu vou por este rio acima, abranda Senhor a pena dos mortos, p’ra que te louvem com sono quieto, os anais do grande general chamado o «galego, o homem dos olhares fatais, navegar navegar ó minha cana verde, mergulhar no teu corpo entre quatro paredes, ó mar leva tudo o que a vida me deu, tudo aquilo que o tempo esqueceu, lembra-me um sonho lindo, quando ás vezes ponho diante dos olhos a lusitana viagem, medonha, que eu dobrei, os tormentos passados,  e os fados que chorei.»

Fausto, versos soltos tirados de Por Este Rio Acima                       

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