Uma guerra
terrível em África.
Milhares de
mortos, milhares de feridos, milhares de estropiados, milhares que ainda
acordam a meio da noite num pesadelo de tiros e granadas e minas a rebentarem…«uma
guerra que nos fere e dói que mais não seja por ser guerra em vão».
O poeta
Eduardo Guerra Carneiro andou por Mafra, a aprender ninguém sabe o quê, um
enorme desespero sempre, uma angústia enorme.
Em Mafra teve
como companheiros de companhia, ou de pelotão, o Adriano Correia de Oliveira, o
Nuno Guimarães, o José Cid.
Começamos o
percurso do Eduardo de hoje no seu 3º livro Algumas Palavras (1969) :
Em certos meses mafras se povoam
de soldados novos São meses sol
de guerra que aqui dentro vai roendo
as mãos e lá fora vai matando
homens São meses morse
denso que já sabe ao som
do erro Ao sol da morte
E desaguamos,
tinha que ser!, no livrinho de capa vermelha:
«Lá te foste embora, António. De ideias
ao ombro; todo vestido de bombazina. Estou a ver-te na Praça da Batalha, já lá
vão uns anos. Não me dossete nada mas parece que o adivinhava no castanho da
bombazina, na pressa em ires embora, nas poucas palavras que disseste. De que
cor são os lagos da Suiça?»
E ainda:
«Vai a correr, de Mauser nas mãos, por longos corredores, escuros e baptizados. Cerradas filas o aguardam num terreiro cercado. O verde da paisagem está sujo por centenas de homens armados, vestidos de verde».
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