«As motos roncam no circuito
de Vila Real e lá estou eu, pendurado
no muro das traseiras, a espreitar a
Norton
que vem à cabeça, curvando,
espectacular,
na rampa de São Pedro. O cheiro a
gasolina
embebeda a catraiada. É quase tão bom
como o incenso do mês de Maria. Baba-se
o tontinho da cidade e alguns padres
deitam foguetes e apanham as canas.
As motos cortaram já a meta, quando
chega
a notícia de um desastre na Timpeira.
Mas a festa prossegue, com a feira
dos pucarinhos, e o barro negro de
Bisalhães
racha-se na cabeça dos feirantes.»
A alegria que Eduardo Guerra Carneiro nos transmite de
uma Vila Real da sua adolescência, neste poema tirado de Contra a Corrente.
Um itinerário diferente daquela figura amável com
memórias, sonhos, encontros, desencontros, as marcas incisivas do prazer – e do
conhecimento da dor», como tão bem o retratou Vitor Silva Tavares.
Um itinerário de imprevisto, diga-se.
Mas que imprevisto?
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