Primeiro quiseram levá-la (sem
uma boa razão)
algemou-se ao poema
no ponto mais frágil
do verso. Tentaram depois
esquartejá-la
(rasgá-la
sílaba a sílaba) mas
as letras arrojadas
mantiveram-se unidas como
numa cicatriz. Tentam agora
ocultá-la
(apondo-lhe
a venda azul)
quanto mais a pressionam
tanto mais
se deixa ler num relevo
de sudário.
João Luís Barreto Guimarães
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