quarta-feira, 10 de julho de 2024

A PALAVRE VERDADE

Primeiro quiseram levá-la (sem

uma boa razão)

algemou-se ao poema

no ponto mais frágil

do verso. Tentaram depois

                               esquartejá-la

(rasgá-la

sílaba a sílaba) mas

as letras arrojadas

mantiveram-se unidas como

numa cicatriz. Tentam agora

                                ocultá-la

(apondo-lhe

a venda azul)

quanto mais a pressionam

                                   tanto mais

se deixa ler num relevo

de sudário.

 

João Luís Barreto Guimarães

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