A Terra de Meu Pai
Alexandre Pinheiro Torres
Prefácio: Jorge de Sena
Capa: Raul da Vaza
Colecção Sagitário nº 1
Plátano Editora, Lisboa, 1972
Casa-Carta-Casa
Ó Terra de meu
Pai tão casa de ler
por dentro mas de mim só por fora o
avesso dela a trapezista letra uma
parede
soletrada hierogramas na porta
Etrusco cascas de silêncio Teu filho
a leiga epigrafia
na unha preparada
Reticente mão Endereço de luto linha
a pedra Oculta áfona letra cursivada
Pior do que lhe
morreres de uma morte
tão assim
caligrafada fecho é não seres a
abrir que ele te
saiba tábua a sílaba
sílaba a tábua
decorada Mas não leres
tu também esse
Filho da letra sempre
mal lida ou
interpretada é ele morrer-te
da morte do post-scriptum que chega
à carta à noite e
a porta fechada
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