12 de Setembro de 1991
Pensava-o imortal, não
sei porquê. Talvez porque nunca o vi envelhecer. Entrou em minha casa há vinte
anos – uma casa vagamente «minha», onde morei apenas alguns meses ali para os
lados da avenida de Roma. Uma casa que nem me chegou a ser casa, a não ser por
duas ou três coisas muito nítidas que nela me aconteceram. Uma delas foi o
António Reis. Ele vinha do Porto, não sei se naquele dia ou no meu imaginário,
e era alguém que tinha escrito uns poemas de uma extrema sensibilidade, rasantes
ao solo, de uma sensibilidade minimalista, a que chamar por isso mesmo Poemas
Quotidianos. O meu mérito estava em ter gostado daqueles versos; o
erro seria complicá-los demasiado. Desde esse dia que me ligou ao António Reis
uma enorme cumplicidade. E isso transbordou para o cinema. Para o Jaime, primeiro.
E depois para o Trás-os-Montes.
Eduardo Prado Coelho
em Tudo O
Que Não Escrevi, Volume I
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