Auto-photo Biografia
(não autorizada) de (António) Mário Viegas
Mário Viegas
Capa: António Carvalho
Edição (fac-similada): Câmara Municipal de Cascais segundo original
cedido pela
Família
Cascais, Maio de 2003
«Conheci Carlos Paredes no Pólo Norte … Exactamente! Numa viagem
“Mágica” de avião que atravessou esta bola imensa em que vivemos, a caminho do
Japão, em 1970, com a Companhia do Teatro Experimental de Cascais.
Lembra-se Carlos, da nossa noite perdida no “bas-fond” de Osaka? O que
nos divertimos!!!
É que Carlos Paredes é não só um músico genial como um conversador
imparávelel, um homem cultíssimo, um namoradeiro incorrigível, um eterno
apaixonado, o maior distraído do Globo terrestre, que atravessou sempre a vida
de gravata, máscara de uma enorme humildade e violenta coragem física e
crítica.
Se a “Cantiga é uma Arma”, as suas guitarras são e foram um dos
maiores canhões contra o fascismo e a indignidade!
Tive a honra de viver com ele espectáculos e convívios que não me
esqueço. Mas sem os querer maçar, gostava só de recordar um dos momentos mais
comoventes da minha vida. O primeiro espectáculo que se fez dentro dum quartel
depois do 25 de Abril, na noite de todos os nossos Primeiros de Maio. No
quartel do Campo Grande, onde durante dois anos me embebedava com o horror da
estupidez da tropa, como pseudo-oficial miliciano…
Sem hesitar, o Paredes aceitou ir tocar no refeitório e eu a dizer
poemas, pela lª vez em Liberdade. E ao ver aquelas centenas de
trabalhadores-fardados a aplaudir de pé, a chorarem, a inutilidade da Poesia e
das notas de uma guitarra, tive a certeza que ainda podemos servir para alguma
coisa como artistas.
Beijinhos Paredes e copiando o seu inimitável estilo, só lhe resta
dizer entre o surpreendido e o desajeitado
“Oh amigo!!!»
13/11/93
(Mensagem lida pelo actor João
Vasco, numa homenagem em 1993, no TEL, ao Carlos Paredes)
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