domingo, 2 de maio de 2021

OLHAR AS CAPAS


Auto-photo Biografia (não autorizada) de (António) Mário Viegas

Mário Viegas

Capa: António Carvalho

Edição (fac-similada): Câmara Municipal de Cascais segundo original cedido pela

Família

Cascais, Maio de 2003

«Conheci Carlos Paredes no Pólo Norte … Exactamente! Numa viagem “Mágica” de avião que atravessou esta bola imensa em que vivemos, a caminho do Japão, em 1970, com a Companhia do Teatro Experimental de Cascais.

Lembra-se Carlos, da nossa noite perdida no “bas-fond” de Osaka? O que nos divertimos!!!

É que Carlos Paredes é não só um músico genial como um conversador imparávelel, um homem cultíssimo, um namoradeiro incorrigível, um eterno apaixonado, o maior distraído do Globo terrestre, que atravessou sempre a vida de gravata, máscara de uma enorme humildade e violenta coragem física e crítica.

Se a “Cantiga é uma Arma”, as suas guitarras são e foram um dos maiores canhões contra o fascismo e a indignidade!

Tive a honra de viver com ele espectáculos e convívios que não me esqueço. Mas sem os querer maçar, gostava só de recordar um dos momentos mais comoventes da minha vida. O primeiro espectáculo que se fez dentro dum quartel depois do 25 de Abril, na noite de todos os nossos Primeiros de Maio. No quartel do Campo Grande, onde durante dois anos me embebedava com o horror da estupidez da tropa, como pseudo-oficial miliciano…

Sem hesitar, o Paredes aceitou ir tocar no refeitório e eu a dizer poemas, pela lª vez em Liberdade. E ao ver aquelas centenas de trabalhadores-fardados a aplaudir de pé, a chorarem, a inutilidade da Poesia e das notas de uma guitarra, tive a certeza que ainda podemos servir para alguma coisa como artistas.

Beijinhos Paredes e copiando o seu inimitável estilo, só lhe resta dizer entre o surpreendido e o desajeitado

“Oh amigo!!!»

13/11/93

(Mensagem lida pelo actor João Vasco, numa homenagem em 1993, no TEL, ao Carlos Paredes)

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