O ovo de madeira que a mãe de Almodóvar usa para cerzir meias é igual
ao que vi na mão de minha mãe. São iguais os ovos de madeira que os filhos
viram na mão das mães de famílias pobres ou remediadas. O que é bonito no
cinema é ele restituir-nos o tempo perdido, o velho cheiro da bica, o amor que
a vida nos fez esquecer. “Dor e Glória”, o filme de Almodóvar, está carregado
de passado: tão bonita a cena das mulheres a lavar roupa na ribeira.
O de Tarantino, “Era Uma vez em Hollywood”, também. No corpo, silêncio e vagar de Brad Pitt recuperamos o orgulho de termos sido rapazes, do nosso desembaraço viril, o orgulho de sermos homens.
Manuel S. Fonseca na
sua Página Negra
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