Contaram-me
que as letras descansam de lado, nas páginas macias dos livros antigos. Outros,
afirmam que os textos mudam ao sabor das edições; nenhuma se compara à leitura
inicial.
Há ainda quem me confidencie que recebe os livros de braços abertos, às vezes
até com as pernas, e dou por mim a olhar para as lombadas que me rodeiam; a
senti-las latejar como um animal magnifico, alheio a interpretações domesticas.
Se estender a mão, sei que o irei acordar; prefiro entreter-me a escrever este
texto, onde as letras ainda são verticais e se estampam no papel, como uma
mancha de tinta, uma ave suicida, um eco sem som.
Jorge Fallorca
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