Chove como há muito não chovia.
Os dias de guerra que se vivem longe mas
que nos tocam como se estivessem por aqui acontecendo.
Dia de olhar os percursos do Eduardo.
«Os
anos cinquenta a custo traçados a giz. Os anos sessenta feitos e desfeitos. A
pressa de agarrar as coisas. O traço. Os anos. O fazer e desfazer de sessenta e
cinco. Qual seria o giz de cinquenta e seis? O agarrar `à pressa. As coisas a
custo. O traço dos anos. Os anos com pressa. A custo desfeitos.»
Em poucas palavras o traço de uma vida
demasiado apressada.
Bom dia, Eduardo.
O que dele disse um amigo, Carlos
Loures, quando tudo descambou e acabou no cimento do pátio da casa 0nde vivia, para
os lados do Príncipe Real:
«As
coisas não lhe tinham nunca corrido bem. Interrompera os estudos universitários
por lhe parecer inútil o curso que frequentava. Profissionalmente, jornalista,
um bom jornalista, diga-se, tinha de fazer muita coisa de que não gostava. Na
vida privada, casamentos falhados, o refúgio no alcoolismo e, sobretudo, o
suicídio inexplicável da sua filha, a Catarina, destruiu a sua capacidade
de resistência, provocaram-lhe o cansaço da vida que confidenciou ao Quitério.
A soma de tudo isto resultou numa rápida viagem de três andares até ao cimento
do pátio.»
Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da imagem.
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