Este é o 3º Volume da Obra Completa de Mário-Henrique, publicado em Junho de 1919.
Para além dos textos e desenhos
dispersos, nunca publicados em livro, o volume reúne o Conto de Natal para Crianças, oferecido em Dezembro de 1972 a
Álvaro Belo Marque, também as cartas escritas à Doce Isabelinha, ou Maruska
querida, outras coisas mais, no fundo a Venerável legista que estava, por parte
da mulher alemã, a tratar do divórcio de Mário-Henrique Leiria e por quem, extraordinariamente,
se apaixonou e que constam de Depoimentos
Escritos.
O 2º volume da Obra Completa contempla a
Obra Poética e o 4º volume a Obra
Gráfica, talvez que pelo próximo Natal cheguem à Biblioteca da Casa.
Com a vossa permissão, repetirei o Outro
Lado das Capas que, aquando do 1º volume, aqui foi publicado:
Mário-Henrique Leiria está bem representado na Biblioteca da
Casa, veja-se a etiqueta Mário-Henrique Livros.
Acontece que a editora E-Primatur
iniciou, em Maio de 2017, a publicação das Obras Completas de Mário-Henrique
Leiria constituída por três volumes.
O terceiro, e último volume, foi
publicado em Junho deste ano e nele constam manifestos, textos críticos e
afins, bem como cartas e postais.
A obra completa de Mário-Henrique Leiria
tem como responsável Tânia Martuscelli, crítica de literatura e de arte,
professora da Universidade do Colorado/Boulder nos Estados Unidos.
Desconhecia que houvesse alguém tão
especializado na obra de Mário-Henrique Leiria e o quanto isso o divertiria.
Tania Martucelli tem a ideia de que conseguiu reunir todos os textos constantes
do espólio do autor.e vários outros materiais dispersos.
Mário-Henrique Leiria não se considerava
um escritor mas um tipo que escrevia umas coisas quando a veia, aliada a um
grande gin-tonic, resolve ser boa companheira.
Depois de 1951 começou a andar de um
lado para o outro.
«Teve vários empregos, marinha mercante,
caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil (não, não era
arquitecto, carregava tijolo), etc., pelas terras onde andou: a Europa cristã e
ocidental, o Mediterrâneo norte-africano, o Oriente Médio e até, dizem, os
países socialistas. Não ia aos Balcãs porque tinha medo, todos lhe diziam que
lá os bigodes eram enormes e as bombas estoiravam até no bolso. Um dia teve de
passar por lá. Os bigodes eram realmente grandes, mas toda a gente sabia rir.
Tirou o casaco e bebeu que se fartou. Em 1958 meteram-se-lhe ideias na cabeça e
foi até Inglaterra, para aprender coisas. Não aprendeu e voltou. Entre 1959 e
1961 foi casado e não fez mais nada. Em 1961 foi para a América Latina donde
voltou nove anos depois. Por lá conseguiu ser, entre outras actividades menos
respeitáveis, planejador de stands para exposições, encenador de teatro e até
director literário de uma editora. Fizera progressos»
Quantos papéis, quantos textos, quantos
projectos Mário-Henrique Leiria perdeu nestas suas novas-velhas-andanças?
Mas este é o trabalho possível e
louve-se a iniciativa.
Claro que o autor já mandou descer mais
um gin e está ainda a gargalhar porque ele sempre foi um campeão de perder
textos, e textinhos, divertia-se a escrever e a esconder o que escrevia.
Mas repito: Quantos papéis, quantos
textos, quantos projectos Mário-Henrique Leiria perdeu por esse mundo fora?
Nova repetição: mas pronto! É o trabalho
possível, um trabalho dignificante para a literatura portuguesa e para esse
futuro que se não ler o Mário-Henrique não sabe o que perde e tão pouco merce
ser futuro.
Acredito que Mário-Henrique Leiria
sentirá uma lágrima rebelde aflorar-lhe aos olhos, pedirá mais um gin e
agradecerá do fundo do coração.
O 1º Volume reúne Fragmentos da Minha
Vida Real, os Contos do Gin-Tonic, os Novos Conto do Gin, Fábulas do Próximo
Futuro, Contos Extraídos de Depoimentos Escritos, Contos Inéditos e Dispersos,
Casos de Direito Galático, o Mundo Inquietante de
Josela, a banda desenhada Mário e Isabel, a novela Diapasão , Teatro
e Guiões.
O 2º volume é dedicado à poesia e reúne
toda a sua obra poética incluindo inéditos e textos nunca antes compilados em
livro
Comprei o 1º volume da Obra Completa do
Mário-Henrique Leiria na Feira do Livro deste ano e, oportunamente, irei
comprar os outros dois volumes. É que há um bom número de textos escritos que
não fazem parte das obras publicadas.
No programa de Mário
Gin Tónico Volta a Atacar, Mário Viegas escreve:
«Quantos textos inéditos (?), perdidos,
semi-publicados (?) não andam por aí??
Onde estão os grandes amigos deste
Mário??? É urgente reuni-los num livro. Este espectáculo e este programa aqui
estão para o provar e dar uma ajuda!»
Passaram 30 anos sobre estas palavras.
Muito tempo? Tempo demasiado?
Mais vale tarde que nunca, diria a minha
avó materna.
A Obra Completa do Mário Gin-Tónico está
aí, Mário Viegas.
O quanto gostaria que esta E-Imprinatur,
outras editoras, seguissem esta reunião de obras completas de autores que
deixaram um espólio que andará por aí ao abandono, por aí perdido.
Tantos e tantos autores nessas condições
e, assim de repente, lembro-me do Eduardo Guerra Carneiro.
A Obra Completa
de Mário-Henrique Leiria foi publicada com o apoio dos leitores
através de um funcionamento colectivo.
Em cada volume pode ler-se este avisos:
«De acordo com a legislação autoral em
vigor, a E-Imptimatur tentou localizar os herdeiros
de Mário-Henrique Leiria, sem sucesso. Os representantes legais
devidamente identificados poderão entrar em contacto com a editora para se
elaborar contrato de direitos.»
De uma carta de Mário-Henrique Leiria,
Carcavelos 25 de Novembro de 1973, para Isabel, ou Maruska, ou o grande amor da
sua vida:
«Quanto ao meu livro (Novos
Contos do Gin), já está em primeiras provas. Talvez esteja na rua lá
para meados de Dezembro. Achei que tinha historietas demais e tirei um monte
delas, não gosto de chatear demais os leitores.
Sabes que o Gaspar Simões botou elogio grosso aos CONTOS DO GIN-TÓNICO na página literária do "Diário de Notícias"? Pois foi: Só tenho coisas que me ralem; só me faltava o Gaspar Simões a dizer bem de mim. Ele há cada coisa!»
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