domingo, 15 de outubro de 2023

EM BUSCA DE FLORES AZUIS NO DESERTO


 Palestinianos, aproveitando a muita lenha da cidade destroçada pelas bombas israelitas, cozinham na rua em Khan Yunis, sul de Gaza.

 1.

Dezenas de vítimas palestinianas foram depositadas em valas comuns na cidade de Gaza devido ao número esmagador de vítimas e à falta de espaço nos cemitérios locais, informou uma agência de notícias palestiniana.

2.

«Hoje, Netanyahu fala em "destruir o Hamas". Será o "falcão dos falcões". Mas nem sempre foi assim. Não é possível entender esta guerra sem dissecar a política palestiniana de Bibi: fortalecer deliberadamente o Hamas e debilitar a Autoridade Palestiniana para sabotar qualquer negociação territorial com os palestinianos.

No termo desta guerra, quando tiver de prestar contas, é provável que os israelitas se venham a escandalizar mais como este "crime político" de Netanyahu do que com os casos de corrupção de que é acusado.»

Jorge Almeida Fernandes no Público

4.

«O Mundo aguenta duas guerras, mas com custos muito elevados para os mais pobres, em guerras como a da Ucrânia ou de Israel, sofrem sempre mais aqueles que menos têm, sejam pessoas, regiões, Estados ou continentes.»

Marcelo Rebelo de Sousa

5.

«O sistema de saúde de Gaza encontra-se num estado crítico. Está sob ataque, à beira do colapso, e encontramos aqui mulheres grávidas que não sabem para onde ir», disse o representante do Fundo das Nações Unidas para a População.

6.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente disse à France-Presse que cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente nos primeiros sete dias desde o início da nova ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em resposta ao ataque do Hamas no dia 7 de Outubro e é provável que o número aumente à medida que as pessoas continuem a abandonar as suas casas.

7.

Israel instou os habitantes do norte do território palestiniano, onde residem cerca de 1,1 milhões de pessoas (de uma população total de 2,4 milhões) a fugirem para sul, alegando estar iminente um ataque em larga escala para destruir o centro de operações do Hamas.

8.

O Governo israelita indicou hoje que mais de 1400 pessoas foram mortas em Israel desde o ataque do Hamas e 3500 pessoas feridas, enquanto o Exército dá conta de 126 reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano.

Do lado palestiniano há, para já, a registar 2329 mortos palestinianos e 9042 feridos.

9.

«Ursula von der Leyen foi a Israel na sexta-feira, com Roberta Metsola, a presidente do Parlamento Europeu, e disse a Israel para fazer o que quisesse aos palestinianos, que a Europa apoiava cegamente.

A única versão benévola das inacreditáveis declarações de Von der Leyen, ao lado de Benjamin Netanyahu, é o facto de, enquanto cidadã da Alemanha, lhe ter assaltado a culpa do Holocausto, levado a cabo pelos seus antepassados.

Percebo o sentimento de culpa transgeracional, também me sinto culpada pelos crimes do colonialismo e, tal como Ursula com o Holocausto, só soube a posteriori.

A questão é que a quantidade de sentimento de culpa e remorso que um europeu consegue abraçar é finita e no nosso arsenal de culpa colectiva só cabe uma vítima – os judeus, perseguidos durante séculos por motivos religiosos e de racismo, que culminaram nos horrores do Holocausto.

Esta é a versão benévola: a outra é que Ursula von der Leyen prepara-se, à semelhança de muitos na Europa, no Reino Unido e nos Estados Unidos, para ignorarem tudo o que se passou antes do ataque carniceiro do Hamas a Israel há uma semana. E não estão muito preocupados com o que se passou entretanto e se vai passar depois.»

Ana Sá Lopes no Público

Fontes: Jornal de Notícias e Público.

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