sexta-feira, 6 de outubro de 2023

INFERNOS...

«El a odiava a invalidez. Disse muitas vezes que desejava morrer.

- Mas no estado em que estava, não podia ter-se levantado da cama, descer as escadas e tirado o tubo de morfina da maleta da enfermeira.

- Pois não, mas alguém lho podia ter dado – observou Roddy

- Quem?

- Uma das enfermeiras, talvez…

- Não, as enfermeiras não, porque compreenderiam muito bem o perigo que isso representava para elas!

As enfermeiras são as últimas pessoas de quem se deve suspeitar.

- Então… outra pessoa…

Ia para falar mas calou-se.

-Lembrou-se de alguma coisa, não lembrou? – perguntou calmamente Poirot.

- Sim… mas… - Roddu hesitou.

- Não sabe se me há-de dizer ou não?

- Sim…

Com um curioso sorriso aos cantos da boca, Poirot disse:

- Quando é que Miss Carlisle disse isso?

Roddy respirou fundo.

- Co’a breca, adivinhou! Foi no comboio quando íamos para lá. Tínhamos recebido o telegrama a dizer que a tia Laura tinha tido outro ataque. Elinor disse que tinha muita pena dela, que a pobre senhora detestava estar doente e que agora ficaria ainda mais impossibilitada e que seria um verdadeiro inferno para ela. E exclamou por fim: «Tem-se a sensação de que se devia abreviar a morte dessas pessoas se elas próprias realmente o desejam.»

- E o que o senhor disse?

- Concordei.»

Agatha Christie em Poirot Salva o Criminoso

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