«Imaginemo-nos Loretta Bell, a mulher do Xerife Ed Tom Bell, o protagonista de No Country for Old Men (Cormac McCarthy, Este País Não É Para Velhos, tradução Paulo Faria, Relógio D’Água, 2007). Loretta, o porto seguro de Bell: “Leio os jornais todas as manhãs. Principalmente, acho eu, para tentar perceber a tempestade que é bem capaz de vir aí a caminho. (…) As coisas cada vez pioram mais. Aqui há uns tempos dois rapazes encontraram-se por acaso, um era da Califórnia e o outro era da Florida. Encontraram-se algures a meio caminho. E vai daí juntaram-se os dois e começaram a viajar pelo país, a matar pessoas. Já me esqueci de quantas mataram. Pois bem, quais são as probabilidades de acontecer uma coisa destas? Aqueles dois nunca se tinham visto um ao outro. Não pode haver assim tantos. Não me parece que haja, pelo menos. Bom, não sabemos. No outro dia, por estas bandas, uma mulher pegou no filho bebé e meteu-o numa trituradora de lixo. Quem havia de pensar numa coisa assim? A minha mulher [Loretta] já não lê jornais. Faz bem, provavelmente. Na maior parte dos casos, ela é que tem razão.»
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