Para a Daniela e o
Manuel Boucherie Mendes
Ainda
não é tarde, dizem os amigos
aos
quarenta anos. Amam as canções
e
as cidades estranhas que o desejo
guarda:
a pressa de Junho nas escadas
do
metro e essa livraria à beira do rio –
só a descobrimos no último dia, a pena
que foi. No fim da estação regressam
iguais
como histórias diferentes, gratos
souvenirs. Ainda não é tarde, nada
está
perdido (e ninguém lhes dá
a idade que têm). Aos quarenta anos
não
sabem dizer o que aconteceu,
mas
quando se juntam à roda da mesa
na
vaga euforia que a hora consente,
já
quase acreditam que podem voltar
à
pequena praça, à luz entrevista de um
quarto
de hotel, onde a noite é nova
e
toda a beleza se há-de cumprir.
Rui Pires Cabral de Oráculos de Cabeceira em Resumo:
a Poesia em 2009
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