À tua frente
silenciosamente
chegou o dia.
Já não vemos a cidade
o rio que passa perto
os amigos vozes barcos
confundidos na distância
Basta uma porta de exílio
todo o mundo lá ficou.
Onde longe sem fronteira
morta a memória da estrada?
Agora nada nos prende
ninguém nos espera mais:
no abandono dos outros
deixámos o nosso amor
- resto de pão dividido
cada metade é a fome.
Conheço velha a que trouxe
levo comigo a que dou.
Ao teu lado
silenciosamente
chegou o dia.
Marta Cristina Araújo em Os Meios de Transporte
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