Escrevi milhares de
versos
para esquecer. Amei algumas mulheres
para lembrar. Agora já posso dizer
o som em carne viva.
A cidade assemelha-se a um acampamento
abandonado no deserto. Os nómadas
partiram nos seus camelos, com provisão
de tâmaras e água.
Há restos de detritos, sinais de trânsito,
folhas arrancadas a revistas pornográficas,
ao sabor do vento, por entre pétalas sêcas.
Há resíduos de sítios onde estive contigo,
fragmentos de versos de vidro, tudo
muito nítido, anotado, vincado a oiro.
António Barahona em Resumo: a poesia em 2010
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