A primeira vez que apanhei a escrita do Adelino Tavares da Silva foi no Cinéfilo, excelente revista, dirigida por Fernando Lopes que se publicou entre 4 de Janeiro de 1973 e 22 de Julho de 1974 e tento um boneco tirado do volume encadernado de todos os Cinéfilos que consta da Biblioteca da Casa.
Depois encontrei-o no primeiro livro que a & ETC
publica, Coisas, com um texto em 18
pontos a que chamou Crucificolagem e
aqui repruduzo os dois últimos pontos do texto:
Numa limpeza de
caixas e caixinhas encontro um envelope, com alguns desses cartazes de O Diário que teve vida de 10 de Janeiro de
1976 até 1990, o jornal que o José Saramago, quando ficou desempregado do Diário de Notícias, chegou a admitir que
fosse convidado pelo Partido para nele colaborar, que não veio a acontecer e
que o obrigou a procurar outros horizontes de vida que foram desembocar nesse
grande livro que dá pelo nome de Levantados
do Chão e depois a toda uma obra que culminará no Nobel da Literatura.
Sobre o Adelino tentei encontrar algo mais que o vulgar nascer e morrer mas a única referência com interesse é uma história do Adelino contada pelo Mário Mesquita publicada no Público de 1 de Setembro de 2012:
«…a reportagem de Adelino Tavares da Silva da recepção no Palácio de Queluz à Rainha Isabel II, que se resumia a uma foto-legenda. A imagem era do quarto onde o casal real iria pernoitar. As palavras muito sucintas: "Aspecto dos aposentos reais no Palácio de Queluz, onde Sua Majestade Isabel II vai encontrar-se hoje à noite com o Príncipe de Edimburgo, seu marido, após quase um ano de separação". Com efeito, o Príncipe Filipe reencontrava a rainha após longos meses de viagem pela Comunidade Britânica. A censura, no dia seguinte, chamou "à pedra" o Diário Ilustrado.»
Resta-me copiar o que o Vitor Silva Tavares desenhou na & ETC quando o Adelino por lá surgiu a colaborar:
Gosto destes Cartazes de O Diário guardados em envelope amarelecido pelo tempo e vou copiá-los por aqui.Costumes, gentes, um país outro que ainda encontramos por aí,
cartazes datados mas muito bem escritos. Pede-se desculpa pela má qualidade das
reproduções.
E é este o 1º Cartaz do Adelino que se publica:
ÀS VEZES SÓ MUITO TARDE SE ACORDA
«Eis o que muita
gente pensa. Eis o que muitos fazem, julgando que «não tocar nas coisas é
melhorá-las». Deitam-se a dormir e, depois, quando acordam, estão hirtos,
gastos, entorpecidos, anquilosados.
Mais tarde, só
muito mais tarde, às vezes, é que percebem o logro. Resistir é estar de pé e
atento. Vencer é não se deixar ficar à espera do que, apenas, vem dentro do
sonho, porque é mesmo pesadelo.
É útil criar boas
legendas, mas o importante, claro, é fazer delas uma bandeira, que se leva ao
alto e não de rastos. É assim em tudo.»
A.T. da S.
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