sábado, 25 de novembro de 2023

MÚSICA PELA MANHÃ


Este nicho Música pela Manhã acontece quando nos aparece algo que diz respeito a um autor, a um cantor, a uma data.

Inevitavelmente hoje teria de ser o tempo dessa canção do José Mário Branco.

O tempo em que, como escreveu o jornalista Rodrigues da Silva «algures, numa dobra da história, alguma coisa falhou, algum erro se cometeu. Seria altura de saber, onde, como, porquê. Mas talvez seja demasiado tarde…»

 O dia que Maria Velho da Costa determinou. ESTE DIA NÃO!

 Também um passeio ligeiro  por afirmações deixadas em livros, em artigos de jornal:

1.

Varela Gomes:

 «Mas não havia nada a fazer. A grande decisão estava tomada. Otelo Saraiva de  Carvalho obedecia à convocação do general Costa Gomes, largando os “paras” à sua sorte. O estratega do 25 de Abril de 1974 abandonava vergonhosamente o seu posto de comando em 25 de Novembro de 1975. Na hora do aperto, fugia de calças na mão, à procura do refúgio protector.

Deveriam ser cerca das 15,00 horas quando o general graduado Otelo Saraiva de Carvalho saiu do Copcon… e da revolução.(1)

 2.

 José Gomes Ferreira no seu livro Intervenção Sonâmbula:

 Estamos no fim da Revolução. E porventura não tardará aí o inferno que ninguém quer.

3.

 Mário-Henrique Leiria:

 «Porque foi isto assim possível? propomos a explicação de que houve, como "originalidade" típica, muito improviso no processo revolucionário, que esqueceu a sua defesa, criando a alastrando a angústia na pequena burguesia, camada significativa na sociedade portuguesa, a que até muitos trabalhadores as piram por força das motivações que o obscurantismo fascista teve longo tempo para semear.

Angústia semelhante à que agora ressurge com o agravamento das condições de vida, a subida arrogante da reacção, a incerteza do futuro que tem que ser construído de novo.
O Povo terá pois que teimar para que respeitem a sua vontade de acabar com a exploração do homem trabalhador pelo homem esperto. Para que as condições de vida sirvam as classes desfavorecidas. Para que acabem as perseguições aos que olham o futuro sem medo da mudança. parq ue a justiça social deixe de ser uma miragem evangélica no mundo dos mortos. Para quem produz trabalhando, exerça o poder, Para que sejamos verdadeiramente um país Democrático.»

 4.

 Maria Eugénia Varela Gomes:

 «O 25 de Novembro é o fim da revolução. Acabou para mim… Uma coisa que eu não suportava era ouvir dizer que a revolução continuava depois do 25 de Novembro. Isso não. Não se engana o povo. Porque eu acho que é uma coisa inadmissível enganar o povo. E se algumas vezes me irritei com o Partido Comunista uma das razões foi essa. Eu percebia qual era a intenção, mas achava que era um desrespeito pelas pessoas. Era preciso não deixar as pessoas desanimar… é verdade… mas também dizer-lhes que a revolução continuava…

Quando era evidente, depois do 25 de Novembro, que tinha acabado a revolução.»

 5.

António Rego Chaves, anos mais tarde, no Diário de Noticias:

«Tenho uma imensa saudade dos antifascistas de 24 de Abril de 1974. Era, aparentemente, gente boa, pura, desinteressada em obter ganhos pessoais, generosa. Depois, apenas um dia depois, o minúsculo vírus não identificado que, afinal de contas, tantos deles já traziam adormecido no cérebro e lhe roía as entranhas pôs-se a crescer, a crescer desmesuradamente, sem eira nem beira, como um polvo, uma maldição, até nos revelar o seu horrendo segredo: o oportunismo, a ganância, a sede de vingança, nem que fosse um pequeno pontapé nas canelas do “chefe”davéspera, do vizinho do lado, do gato comunitário, vulgo vadio.»

6.

«E aí volto àquela noite, que volto a não ter pejo de achar que não é para celebrar. Alguns anos volvidos, pergunto-me à esquerda também moderada, terá sido um acto legítimo a interrupção do galhofeiramente nomeado PREC? Terá valido a pena, a não conciliação dentro daquele terreno, que, fosse para onde fosse, não deixava de galvanizar grandes massas de trabalhadores, muitos intelectuais, muita gente honesta hoje marginalizada? Porque não é mais possível, na memória comovida ou irritada de todos nós,  dizer que o que estava sendo era instrumentalizado por Moscovo.

Maria Velho da Costa 

7.

Diana Andringa:

Quem partiu o espelho dos sorrisos de Abril?

 8.

Simone Beauvoir, algures no tempo:

 «O mais terrível dos sentimentos é o de ter a esperança perdida.

É horrível assistir à agonia de uma esperança.»



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