Será das alterações climáticas, até a silly
season mudou de calendário.
Como não recordar com saudade as famosas revelações de
Lili Caneças feitas em Julho de 2011 ao jornalista André Rito durante uma
conversa que terminava com o inesquecível diálogo: “Obrigado, Lili, foi um
prazer”, ao que ela respondia: “Obrigada, eu. Não se esqueça de pagar o meu
sumo”. Ou a carta de alforria assinada por Assunção Cristas no mesmo ano, uma
iniciativa de nome “Ar Cool” que libertava os funcionários do Ministério da
Agricultura e etc. das grilhetas da gravata. Ou o “brincar aos pobrezinhos na
Comporta”, gosto confessado por Cristina Espírito Santo no Verão de 2013 e pelo
qual pediria desculpa, ainda as desculpas não estavam tão baratas como hoje.
Dito isto, acrescente-se que no Evereste do disparate
estival mantém-se a transformação do Algarve em ALLgarve, ideia que terá
surgido em 2007 a Manuel Pinho, então ministro, hoje preso domiciliário numa
quinta de três hectares perto de Braga (com o senão do raio coberto pela
pulseira electrónica o impedir de dar um pulo à vinha ou à piscina), durante
uma noite de insónia em que a visão de charters a abarrotar de
turistas culturais a invadir o Sul – como o próprio adjectivo indica, vindos
não pelas praias ou sequer pelo peixe grelhado, mas para ouvirem declamar
poemas de Nuno Júdice ou ler excertos de Lídia Jorge – o leva a telefonar de
imediato ao publicitário Pedro Bidarra, que aplaude ruidosamente, sem
consideração pelos vizinhos dado o adiantado da hora, o
“glamour aspiracional” do trocadilho, traduzido depois nuns cartazes e
numas cenas que nos ficaram pela bagatela de nove milhões de euros.
Ana Cristina Leonardo de uma crónica no Público
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