quarta-feira, 8 de novembro de 2023

EM BUSCA DE FLORES AZUIS NO DESERTO

 


Faz hoje um mês que deflagrou a brutal e trágica guerra entre o Hamas e Israel.

Desconhecem-se, ainda, quaisquer estatísticas, proveniente de fontes independentes que revelem os mortos e feridos que estão a acontecer em Gaza.

1.

António Guterres confirma que 92 trabalhadores da ONU foram mortos em Gaza confirmando um novo aumento no número de trabalhadores da ONU mortos desde 7 de outubro, dia do ataque do Hamas em Israel, tendo passado de 89 para 92 vítimas.

2.

Cerca de 15 mil palestinianos fugiram do norte para o sul de Gaza nos últimos  dias, desde que se intensificaram os combates no terreno e Israel estabeleceu um corredor de evacuação, anunciou  a ONU.

O número de deslocados em Gaza ultrapassa 1,5 milhões (mais de dois terços de uma população de 2,2 milhões), dos quais 725.000 estão alojados em instalações da ONU, 122.000 em hospitais, igrejas e outros edifícios públicos, 131.000 em escolas não pertencentes à ONU e os restantes em casa de familiares.

Cerca de 160.000 dos deslocados permanecem em abrigos no norte de Gaza, a área mais afetada pelos combates, onde a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente já não consegue chegar com ajuda humanitária ou ter informações sobre a situação, sublinhou o relatório.

 3.

No passado mês, após a intensificação e escalada da agressão de Israel e ao povo palestiniano, um jogador de futebol do Mainz, Anwar El Ghazi, escolheu não ficar calado e, dada a plataforma e visibilidade que tem, escreveu nas suas redes sociais «Do rio ao mar, a Palestina será livre». 

Parece que o clube alemão, aproveitando a tendência censória e persecutória a que se assiste na Europa, aliado a um passado mal resolvido na história alemã, viu antissemitismo na declaração solidária do jogador com um povo que sofre um massacre. A primeira acção foi suspender o futebolista, mas após o jogador ter sido reintegrado, este manteve a sua posição, reiterando-a, ao dizer «Não me arrependo nem tenho qualquer remorso pela minha posição. Não me distancio do que disse e defendo, hoje e até ao meu último suspiro, a humanidade e os oprimidos».

 Agora caso chegou ao fim, e o clube alemão informou, num comunicado de três linhas, que havia despedido Anwar El Ghazi. No mesmo pode ler-se: «O FSV Mainz 05 rescindiu a relação contratual com Anwar El Ghazi e demitiu o jogador com efeito imediato na sexta-feira. O clube toma esta medida em resposta às declarações e publicações do jogador nas redes sociais».

4.

Ehud Olmert, antigo primeiro-ministro israelita, afirma que Netanyahu se encontra num estado de "colapso nervoso" após o fracasso da segurança do país de 7 de outubro e que está a "calcular mal" ao preparar-se para assumir o controlo da segurança de Gaza por um "período indefinido" após o fim da guerra.

5.

A vida em Zanuta, uma aldeia palestiniana no topo de uma cordilheira ventosa nas desoladas colinas do sul de Hebron, nas profundezas da Cisjordânia ocupada, nunca foi fácil. A comunidade é composta principalmente por pastores que criam cabras e ovelhas durante os verões escaldantes e os invernos gelados da paisagem árida, e que se recusaram firmemente a deixar suas casas, apesar das crescentes dificuldades apresentadas pelos soldados das Forças de Defesa de Israel ), por um lado, e pelos colonos israelenses radicais. no outro.

Mas depois de semanas de intensa violência dos colonos, na sequência do ataque do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, os 150 residentes de Zanuta tomaram a decisão colectiva de partir. Colonos armados – alguns com uniformes reservistas do exército, alguns cobrindo o rosto – começaram a invadir as suas casas à noite, a espancar adultos, a destruir e roubar pertences e a aterrorizar as crianças.

6.

Amin Hamed al-Hudarat, à conversa com o The Guardian, aguenta as lágrimas até ao final da frase: “Passámos tempos difíceis na aldeia desde que, há três anos, os colonos começaram a quinta Mitarim do outro lado do vale. Tem sido cada vez mais difícil levar as ovelhas a pastar. Os jovens colonos destroem as colheitas ou roubam as ovelhas ou chamam o exército para nos atormentar. Mas agora vêm às nossas casas. As minhas filhas estão aterrorizadas.”

7.

«Tomar partido, contextualização e racismo – a propósito da guerra Israel-Hamas
Não se vislumbra qualquer cessar-fogo de nenhum dos lados, nem tréguas nem corredores humanitários, como aliás está a ser exigido pelos EUA e pela comunidade internacional a Israel. Entre os que fugiram para o sul da Faixa de Gaza, por não encontrarem abrigo, nem comida, nem água, muitos já regressaram a norte, onde ninguém está a salvo, nos campos de refugiados, nem nos hospitais, onde o Hamas não deixa de usar reféns e os palestinianos como escudos humanos.»

José Gil

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