Nessa noite, quando acabou ao fim de poucos minutos,
quando o homem com a guitarra desapareceu envolto em gritos, eu fiquei ali
petrificado em frente à televisão, com a cabeça a mil. Tinha dois braços, duas
pernas, dois olhos, como ele; era horroroso, mas podia esquecer isso… então o
que é que faltava? A GUITARRA! Ele atacava-a, encostava-se a ela, dançava com
ela, gritava para ela, apertava-a, acariciava-a, abanava-a sobre as suas ancas
e, de vez em quando, até a dedilhava! A chave-mestra, a espada cravada na pedra,
o símbolo da retidão, o maior instrumento de sedução que os adolescentes alguma
vez tinham visto, a… a… «RESPOSTA» à minha solidão e tristeza. Era uma razão de
viver, uma forma de tentar comunicar com as outras almas infelizes presas à
mesma condição que a minha. E… estavam à venda no centro da cidade, na Western
Auto!
No dia seguinte, convenci a minha mãe a levar-me à Diehl’s Music, em South Street, Freehood. Como não tínhamos dinheiro, alugámos uma guitarra: Levei-a para casa. Abri o estojo. Senti o cheiro da madeira (que continua a ser um dos cheiros mais doces e promissores do mundo), senti a sua magia, apercebi-me do seu poder oculto. Segurei-a nos braços, passei os dedos por cima das cordas, prendi a palheta de tartaruga com os dentes, senti o seu sabor, tive lições de música durante umas semanas… e desisti. Era DIFÍCIL COMO A MERDA! O Mike Diehl, guitarrista e dono da Diehl’s Music, não fazia a menor ideia de como ensinar o que o Elvis andava a fazer a um jovem admirador que queria cantar blues de escola primária. Apesar do seu acesso incrível àquelas máquinas espantosas, não fazia a menor ideia do verdadeiro poder que elas tinham. Prosaico como todos os americanos da década de 50, só sabia os acordes principais, tratar de papelada e passar horas sem fim com uma técnica brutalmente entediante. Eu QUERIA…. PRECISAVA…. DE ROCK, JÁ! Ainda hoje não sei ler pautas e, nessa altura, os meus dedos de menino de 7 anos nem sequer davam a volta ao braço. Frustrado e envergonhado, disse à minha mãe, ao fim de pouco tempo, que era escusado. Não fazia sentido ele andar a desperdiçar o dinheiro que tanto lhe custava a ganhar.
No dia seguinte, convenci a minha mãe a levar-me à Diehl’s Music, em South Street, Freehood. Como não tínhamos dinheiro, alugámos uma guitarra: Levei-a para casa. Abri o estojo. Senti o cheiro da madeira (que continua a ser um dos cheiros mais doces e promissores do mundo), senti a sua magia, apercebi-me do seu poder oculto. Segurei-a nos braços, passei os dedos por cima das cordas, prendi a palheta de tartaruga com os dentes, senti o seu sabor, tive lições de música durante umas semanas… e desisti. Era DIFÍCIL COMO A MERDA! O Mike Diehl, guitarrista e dono da Diehl’s Music, não fazia a menor ideia de como ensinar o que o Elvis andava a fazer a um jovem admirador que queria cantar blues de escola primária. Apesar do seu acesso incrível àquelas máquinas espantosas, não fazia a menor ideia do verdadeiro poder que elas tinham. Prosaico como todos os americanos da década de 50, só sabia os acordes principais, tratar de papelada e passar horas sem fim com uma técnica brutalmente entediante. Eu QUERIA…. PRECISAVA…. DE ROCK, JÁ! Ainda hoje não sei ler pautas e, nessa altura, os meus dedos de menino de 7 anos nem sequer davam a volta ao braço. Frustrado e envergonhado, disse à minha mãe, ao fim de pouco tempo, que era escusado. Não fazia sentido ele andar a desperdiçar o dinheiro que tanto lhe custava a ganhar.
Brice Springsteen em Born to Run
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