Pensando bem, os discos que mais me interessavam eram
aqueles em que os cantores pareciam, ao mesmo tempo, felizes e tristes. «This
Magic Moment». «Saturday Night at the Movies», «Upo n the Roof» dos Drifters – canções
que apelavam à alegria e aos desgostos amorosos do dia a dia. Era uma música cheia
de uma profunda nostalgia, de momentos de transcendência espiritual, de uma
resignação madura e… de esperança. Esperança em relação àquela rapariga, àquele
momento, àquele lugar, àquela noite em que tudo muda, em que a vida se nos
revela e em que nós nos revelamos. Eram canções que reflectiam o desejo por um
sítio verdadeiro, um sítio só nosso… no cinema, no centro da cidade, nos
arredores, em cima do telhado, por baixo dos passadiços, escondidos do sol,
onde ninguém nos visse, algures acima ou abaixo da luz cruel do mundo, dos
adultos. O mundo dos adultos, esse lugar de desonestidade, engano, falta de
generosidade, onde as pessoas eram escravizadas, magoadas, postas em perigo,
espancadas, derrotadas, onde as pessoas morriam – Deus, obrigadinho, mas, por
agora não estamos interessados. Preferimos o mundo da pop.
Bruce Springsteen em Born To Run.
Legenda: The Drifters
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